Conta-se que Bahaudin Naqshband fez este récito:
Eu tinha sido convidado a falar para uma assembleia composta de letrados e de ignorantes. Havia um grande número de pessoas. Todos pareciam atentos e interessados, mas quando eu olhei e senti, não vi entre eles nenhum “ser humano”.
Eu disse à aqueles que eu havia trazido comigo para mostrar-lhes os limites do efeito que se pode ter sobre os inaptos: “O orvalho não enche o poço; e o que se tornará a folha sobre a qual se entorna toda a água do poço?”
Comecei por dizer:
— Os sufis são a vergonha da humanidade. Eles preservam ensinamentos secretos que recusam dividir com o homem comum. É pelo exercício de poderes ilícitos que um grande número deles veio a ocupar dentro da sociedade uma eminente posição. Agora digam-me, vocês querem ser sufis?
Quase todos meus ouvintes fizeram não com a cabeça.
Eu prossegui:
— Eis aí em que termos falava dos sufis este ignorante, este idiota, este cabeça-dura do governador de Koufa, do qual todos vocês já ouviram tanto falar. Como vocês não ignoram, ele é um farsante, um assassino e um inimigo do gênero humano. Por isso não é de se espantar que ele tenha acreditado ser uma boa coisa manchar os sufis com cores tão pouco agradáveis.
Ora, nós todos aqui sabemos que os sufis são os eleitos entre os homens. Quem dentre vocês se diria ser um sufi?
A estas palavras, todos se levantaram.
— É assim que a autossuficiência (ab o tab) nasce da vaidade (ghurur), que é uma das manifestações do “eu dominante” (nafs i ammara).
As fogueiras de hoje são as cinzas de amanhã.